Durante os sete dias que antecedem a Semana Santa (6 a 12/04), na cidade de Itapecerica, igreja de São Francisco, é realizado o tradicional Setenário das Dores. O ritual é realizado da mesma forma, inclusive com as mesmas imagens há mais de duzentos anos. As músicas sacras em latim têm raízes no barroco tardio. Riqueza que está registrada em livro organizado por Dom Gil desde 2014,  que inclusive é utilizado durante as reflexões do Setenário, que é registrado desde 2018 como patrimônio imaterial do município.

Ao chegar à cidade de Itapecerica, de longe é possível ver que as luzes em tons quaresmais já indicam que ali, há algo diferente acontecendo. Dom Gil, que é arcebispo de Juiz de Fora, mas é nascido em Itapecerica faz questão de participar do Setenário, e a cada dia, padres da Diocese de Divinópolis são convidados para concelebrarem esse momento.

No altar são montadas as cenas que remontam às dores de Nossa Senhora. No segundo dia (07/04), por exemplo, se relembrou a fuga da Sagrada Família para o Egito. Quem fez a reflexão como convidado foi padre Marcos Paulo que, afirmou que era momento oportuno para contemplar a beleza da família sagrada. “A cena é dramática, mas traz uma leve esperança, a alegria de ser família. Tal cena nos traz uma inquietação quando muitos de nós temos vergonha das nossas famílias”, afirmou.

O Setenário reúne muita gente, alguns que até já moram fora, mas retornam para Itapecerica para participar desse momento. O advogado Bem hur Morais Malaquias Beirigo, toca trompete no Setenário há 33 anos e espera por esse momento com ansiedade e fé.
Dona Maria das Graças Manso assiste o rito logo nos primeiros bancos da igreja, não gosta de perder nenhum detalhe porque sabe que é uma preparação importante para a Semana Santa. Dom Gil afirma que desconhece a realização do Setenário com essa riqueza de imagens, cantos e orações como é realizado em Itapecerica.