O Filho do Homem, Ungido de Deus (21º Domingo do Tempo Comum)
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Os Evangelhos deste domingo (Vigésimo Primeiro Tempo Comum – Mt 16,13-20) e do domingo seguinte (Vigésimo Segundo – Mt 16,21-27) fazem parte de uma secção muito importante e bem estruturada do Evangelho de Mateus. Esta secção vai de Mt 16,13 e termina em Mt 17,27. Na passagem deste domingo destaca-se a figura de Pedro, como aquele sobre o qual se funda a Igreja de Cristo. Esta passagem já foi comentada para a solenidade de Pedro e Paulo (link do vídeo: https://youtu.be/MPK0SeOSGkc). Por isso, este comentário se detém nos títulos conferidos a Jesus nesta passagem e a partir dela. "Quem dizem os homens ser o 'Filho do Homem'"? A expressão "Filho do Homem" é usado por Jesus para designar a si mesmo. Pelas respostas dos discípulos, percebe-se que ninguém havia identificado a Jesus com o Filho do Homem, muito menos que, em Jesus, iniciaram-se os últimos tempos, isto é, o momento decisivo da ação de Deus na história. A lista proposta pelos discípulos é recheada. Muitos pensavam que Jesus era João Batista ressuscitado, Herodes é o exemplo mais eminente (cf. Mt 14,1). Elias fora arrebatado ao céu de forma milagrosa (2Rs 2,11), pelo que Israel acreditava que voltaria e via este acontecimento ligado à chegada do Messias (cf. Ml 3,1.23). Mateus acrescenta Jeremias porque o vê muito parecido com Jesus, tanto por seus sofrimentos como por sua pregação sobre o templo (Jr 7; 26; Mt 23,29-24,2). Assim, de nenhuma forma identificavam o Filho do Homem com Jesus. Continuavam esperando. Para eles, Jesus não era “aquele que haveria de vir” (cf. Mt 11,1-3). No entanto, para os discípulos e para a comunidade de Mateus falar do Filho do Homem e de Jesus era a mesma coisa. Para a comunidade de Mateus, em e com Jesus começou, sim, o fim dos tempos. Em Jesus, Deus oferece definitivamente a salvação. Até Mt 16, o próprio Jesus já afirmara por 10x ser o “Filho do Homem” (das 30x em Mt e das 82x no NT). Mateus destaca que não se pode confundir Jesus com João Batista (11,18-19) e, muito menos com Elias, Jeremias o com outro profeta qualquer (11,14). Por isso, para Mateus e para os discípulos, o Filho do Homem é o próprio Jesus, como se apresenta aqui, a partir das duas perguntas que Jesus faz usando, na primeira, o título “Filho do Homem” e, na segunda, o pronome pessoal “EU”. Assim, é consequência quase que necessária responder com uma profissão de fé messiânica à pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou”? Até, nestas alturas do evangelho de Mateus já foram aplicados vários títulos a Jesus que o identificam corretamente. Mestre, Filho de Davi, Senhor e até como Filho de Deus. Mas, agora, é Pedro, o porta-voz do grupo discipular (da Igreja), quem confessa: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Cristo é o termo grego equivalente a Messias. Ambos indicam o Ungido, o ungido do Senhor, o rei da linhagem davídica esperada por Israel. É a primeira vez no Evangelho em que este título é expresso por um dos discípulos de Jesus. A adição de "filho do Deus vivo" suaviza um pouco o significado político que o título de Messias poderia ter e coloca a pessoa de Jesus em plano muito mais alto. O Messias, o Filho do Homem esperado, não é apenas descendente de Davi nem apenas um dos profetas antigos. Jesus é o Cristo, o Messias, o enviado de Deus. Sob esta óptica, a força da confissão de Pedro, como em Marcos (8,27-30 ) e em Lucas (9,18-21 ), recai sobre o messianismo de Jesus. Portanto, é explicável que o último versículo desta passagem (Mt 16,13-20) se limite ao aspecto messiânico e não implique também a filiação divina: “Jesus ordenou a seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo (o Messias)” – (Mt 16,20). Jesus é o Messias, sim, mas o Messias Servo sofredor, servo do senhor (Is 53). Confira os três anúncios da paixão: 1) Mt 16,21-28; 2) Mt 17,22-23; 3) Mt 20,17-19.