Próximos do fim…
Na Igreja Católica Apostólica Romana o ano termina antes do calendário civil, sendo os dias do mês de novembro os últimos do ano litúrgico. Ao longo deste mês, as celebrações litúrgicas estarão voltadas para a memória do fim último da vida humana e do mundo, a partir do que Jesus nos revelou. A esperança do eterno é colocada mais próxima de nós que, pela fé, abrimos o coração para renovar o sentido último da nossa existência. São Paulo afirma: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21) e, com ele, também reafirmamos que em cada passo da nossa história, apontando para o definitivo, Cristo é sempre a vida que nos dá a vida e a sua continuidade no amor de Deus.
O fim do ano litúrgico é revivido pela Liturgia na expectativa da segunda vinda de Jesus Cristo. Sua primeira vinda se deu com a Encarnação no seio virginal de Nossa Senhora. Passou pelo mundo praticando e ensinando o bem, curou muitos doentes, acolheu, com compaixão, aos pecadores, libertou a muitos das ciladas do maligno e, por último, deu sua vida por nós na cruz e ressuscitado passou a viver entre nós. A partir desse tempo, a Igreja sempre vive à espera da Parusia (2ª vinda de Jesus) [Cf. Mt 24-25; Mc 13; Lc 21,5ss], cujo momento será do encerramento, pelo próprio Senhor, dessa história que Ele nos deu como presente.
Fomos criador por Deus para a vida eterna. Infelizmente temos exemplos muito ruins de ficção, através de filmes, séries e novelas que deturpam a beleza do que está reservado para nós ao final de nossa trajetória terrena. Se deixamos de lado o que vem ao final da nossa vida somado à história humana, nada tem sentido. A vida desemboca num grande abismo sem nada. Celebraremos, nesse último momento do ano litúrgico, o que viveremos, conforme aquilo que nos ensina, a partir da revelação de Jesus: “Somos cidadãos do céu” (Fl 3,20).
Em meio a tantos distanciamentos da Verdade com seus desdobramentos na maldade, violência, corrupção, confusões pela ideologia de gênero e tantas outras, acima da esperança produzida por nós, está a esperança de um “Novo Céu e da Nova Terra” (Ap 21,1ss). Nós queremos morar lá e, por isso, devemos nos comprometer, desde já, com o projeto de Jesus, mesmo que o Reino de Deus ainda não tenha se realizado plenamente.
POR PADRE DANIEL LEÃO