Ordem dos Frades Menores – Franciscanos – Divinópolis
CARISMA
“A Ordem dos Frades Menores, fundada por São Francisco de Assis, é uma fraternidade na qual os irmãos, seguindo a Jesus Cristo mais de perto e sob a ação do Espírito Santo, consagram-se, pela profissão, totalmente a Deus, o sumo bem, vivendo o Evangelho na Igreja, segundo a forma observada e proposta por São Francisco.”
(Constituições Gerais da Ordem dos Frades Menores, Art. 1,1)
Em outras palavras, somos uma fraternidade de consagrados que se colocam no seguimento de Jesus Cristo na forma de vida iniciada e proposta por Francisco de Assis e seus primeiros companheiros. É assim que os Franciscanos – nome popular dos Frades Menores – se reconhecem e buscam viver a sua vocação.
A Ordem dos Frades Menores, formada por cerca de 14.000 frades e presente em 119 países, está organizada em regiões chamadas Províncias ou Custódias (dados de 31/12/2015).
Aquilo que veio a se constituir em 1950 como a atual Província Santa Cruz é o resultado da presença e da ação evangelizadora dos frades franciscanos no Estado de Minas Gerais e no sul do Estado da Bahia desde o ano de 1900, quando chegaram à Amazônia os primeiros frades da atual Província, vindos da Holanda.
Sediada em Belo Horizonte, a Província Santa Cruz, mantém uma forte atuação evangelizadora e social baseadas na fé cristã e nos ensinamentos e valores difundidos por São Francisco de Assis.
A Província Santa Cruz é dirigida e animada por um Governo Provincial formado por frades eleitos a cada três ou seis anos. Esse Governo, em comunhão com os demais frades, é encarregado de executar as diretrizes estabelecidas pelos frades em suas assembléias periódicas chamadas de Capítulos provinciais, além de cuidar dos atos administrativos ordinários exercidos pela Cúria provincial.
HISTÓRICO
O enorme prédio construído na esquina da Avenida 21 de Abril e Rua Minas Gerais, de acordo com projeto de Frei Ladislau Bax, OFM, foi destinado a ser o Convento de Santo Antônio, que também abrigaria o Comissariado e a Faculdade Teológica. E recebeu os cinco primeiros clérigos holandeses em 25 de outubro de 1931, os quais se ordenaram sacerdotes três anos depois na matriz do Divino Espírito Santo.
O convento de Divinópolis tornou-se, ao longo dos anos, importante ponto de convergência do Comissariado e brilhante centro teológico um dos mais importantes do Brasil cujos mestres eram formados em universidades europeias, com elevado nível Cultural.
Toda a história do trabalho dos Franciscanos começa com Frei Hilário Verhey, OFM, que se mudara para Divinópolis a fim assumir a Paróquia do Divino Espírito Santo, em 11 de agosto de 1924, e incumbir-se de edificar uma nova igreja na cidade, ao lado do colégio seráfico.
Primeiramente veio a publicação “O Santuário de Santo Antônio” jornal; depois, editado como revista, elemento importante para fomentar a devoção antoniana e motivar os fiéis a ajudarem na conclusão do novo templo.
Pelo Decreto nº 149, de 30 de dezembro de 1944, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Antônio dos Santos Cabral, criou a Paróquia de Santo Antônio de Divinópolis. Ao segundo vigário da Paróquia de Santo Antônio, Frei Carlos Schep, OFM, empossado em 17 de junho de 1945, coube a conclusão do Santuário, tendo sido ele o responsável pela vinda do frade artista holandês, Frei Humberto Randag, OFM, com formação nas Academias de Arte de Tilburg e Amsterdam, para pintar os deslumbrantes painéis que ornamentam o interior do templo, que foram festivamente inaugurados em novembro de 1949, ao ensejo das comemorações do 25º aniversário da chegada dos franciscanos a Divinópolis. Pela sua importância estética e histórica, essa monumental obra foi tombada pela Lei Municipal no 2.459, de 15 de dezembro de 1988, o que significa que seu entorno, conforme orientação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA- MG), fica também protegido.
Em 16 de novembro de 1949, o Comissariado dos frades, cuja sede estava em Divinópolis, foi elevado à condição de “Província Franciscana da Santa Cruz no Brasil”, cuja instalação solene ocorreu em 8 de janeiro de 1950. Com o fato, Divinópolis consolidou-se como importante centro franciscano, que coordenava os trabalhos apostólico-missionário e cultural de 156 padres, 44 clérigos e 28 irmãos leigos, distribuídos em 20 paróquias de Minas Gerais, 8 do Rio Grande do Sul, 1 paróquia da Bahia e 2 paróquias do Rio de Janeiro; no curso de teologia de Divinópolis; no noviciado e curso de filosofia em Daltro Filho (RS); no seminário menor dos colégios seráficos de Santos Dumont (MG) e Taquari (RS); e nos ginásios das cidades mineiras de São João Del Rei, Pará de Minas, Belo Horizonte e na cidade gaúcha de Não-Me-Toque. A sede da Província ficou em Divinópolis até 1959.
Há que se destacar que muitos frades que estudaram ou lecionaram no convento de Divinópolis têm desempenhado importantes papéis na hierarquia eclesiástica:
o cardeal Aloísio Lorscheider foi bispo de Santo Ângelo (RS), secretário¬geral e, depois, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal arcebispo de Fortaleza (CE) e, em seguida, cardeal arcebispo de Aparecida (SP); o cardeal Cláudio Hummes foi bispo de Santo André (SP) e é o cardeal-arcebispo de São Paulo; e o arcebispo Dom Frei José Belisário da Silva, de São Luiz (MA). Outros frades, ligados a Divinópolis, que se tornaram bispos são: Dom Frei Filipe Tiago Broers (Caravelas-BA), Dom Frei Diogo Reesink (Teófilo Otoni-MG), Dom Frei Hugo van Stekeleburg (Almenara¬MG), Dom Frei Célio de Oliveira Goulart (Cachoeiro do Itapemirim-ES) e Dom Frei Dario Campos (Araçuaí-MG). Outro ex-aluno do convento é o brilhante professor e escritor José Murilo de Carvalho, membro da Academia Brasileira de Letras.
Com a desativação da Capela da Santa Cruz para os serviços religiosos, esse espaço tornou-se importante centro de cultura de Divinópolis; como espaço alternativo, serviu de palco para diversas manifestações culturais tais como: shows musicais, peças teatrais, mostras de cinema, debates e ensaio de coral, além de ter sido ocupado em 1985 pela 21ª Delegacia Regional de Ensino para almoxarifado.
Enquanto isso, na Paróquia de Santo Antônio, o trabalho dos franciscanos expandiu-se em várias frentes. Muitas associações foram criadas e floresceram, no decorrer da história: a Ordem Terceira, Pia União de Santo Antônio, Liga Católica, Apostolado da Oração, Filhas de Maria, Sociedade de São Vicente de Paulo, Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, Cruzada Eucarística, Círculo Operário, Juventude Operária Católica (JOC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Franciscana (JF), Movimento Familiar Cristão (MFC), Servas do Santuário, Legião de Maria, entre outros. O “Pão de Santo Antônio”, que se distribuía, às terças¬feiras, para as pessoas carentes, ganhou uma nova dinâmica com a criação das Obras Sociais da Paróquia de Santo Antônio.
A partir do trabalho dos frades novas paróquias vieram a ser criadas: Paróquia de Nossa Senhora da Guia (1959), Paróquia de São Cristóvão (1972), Paróquia de São José Operário (1975), além da construção das Igrejas de Nossa Senhora da Imaculada Conceição e de São Geraldo.
Em artigo na revista Santa Cruz, o divinopolitano Frei Antônio do Prado, OFM, mostrou a extensão das atividades dos frades, que transformaram o Convento de Santo Antônio em centro de fé, cultura e assistência social. Ele descreveu esse centro religioso como um “convento com teologado, escola profissional, curso de canto gregoriano, música e encadernação, círculo operário, atelier de paramentos, editora e tipografia, livraria, biblioteca, orquestra, escola cantorum, teatro e departamento catequético”.
Muitos divinopolitanos envolveram¬se com as atividades culturais promovidas pelos freis. Entre essas atividades destacaram-se: os corais infantis Pequenos Cantores de Divinópolis e Pequenos Cantores da Cruz de São Damião, o Coral Santo Antônio e o Coro Marupiara (adultos), a Orquestra Tabará, os cineclubes Vanguarda, Humberto Mauro e Branca de Neve.
A Gráfica Santo Antônio, construída na Rua São Paulo, além de propiciar empregos a vários profissionais, foi, durante muitos anos, importante centro de publicações e de difusão da fé e da cultura, por meio de livros, jornais, revistas e folhetos diversos. Por meio dela, muitos escritores divinopolitanos foram revelados à comunidade intelectual, alguns com destaque internacional.
O Convento original, cujas linhas arquitetônicas encantavam as pessoas e motivo de orgulho dos divinopolitanos, foi demolido na década de 60, por graves problemas em sua estrutura; em seu lugar foi construído novo edifício, que abriga atualmente a Biblioteca Provincial dos Franciscanos e o Centro Ecumênico de Formação e Espiritualidade (CEFESP), na Rua Minas Gerais.
O rico acervo da Biblioteca Provincial é composto de milhares de obras sobre os mais diversos temas: são livros de arte, direito, filosofia, pedagogia, geografia, sociologia, ciência da religião, teologia e franciscanismo, entre os quais, obras raras do século XVII, todas à disposição da cidade. O CEFESP desenvolve intenso trabalho com a promoção de variados eventos, como palestras, encontros de reflexão, retiros, debates e outras atividades.
O Salão Paroquial de Santo Antônio, na Rua São Paulo, há vários anos tem sido a sede de diversos movimentos religiosos, culturais e comunitários, além de realizar eventos de lazer, ao lado do qual vários frades falecidos foram sepultados em área própria.
Com relação ao patrimônio natural daquela área, há que se lembrar que, durante décadas, o pomar com dezenas de árvores frutíferas e a horta ali plantadas abasteceram a mesa dos frades e de inúmeros munícipes. O trabalho evangelizador dos franciscanos, aliado ao estímulo das artes e das ciências que os frades têm despertado nos divinopolitanos nos últimos 85 anos, justifica a entrega dessa moção e vem a engrandecer ainda mais os objetivos dessa casa.
APOSTOLADO
Na Diocese de Divinópolis, atualmente a Ordem administra a Paróquia de Santo Antônio, em Divinópolis, e mantém o Convento onde os frades idosos residem.
Residência dos Frades Franciscanos que atuam na paróquia de Santo Antônio.
Avenida 21 de Abril, 645
Bairro: Centro
CEP 35500-010 | Divinópolis-MG
Telefone: (037) 3221-1196