O Juízo Final: o Céu, o Purgatório e o Inferno
Em seu ordenamento pedagógico, a Liturgia da Igreja reserva os últimos domingos do Ano Litúrgico para, através do Evangelho proclamado nas celebrações, tratar os temas relacionados com o desfecho da vida de cada pessoa, tendo em conta os ensinamentos do Evangelho. Este desfecho se dará por ocasião do juízo final, quando cada pessoa se apresentará diante de Cristo que virá pela segunda vez, revestido de glória, para julgar os vivos e os mortos, conforme os 02 primeiros domingos do Advento que, na sequência, abrem o novo Ano Litúrgico. Neste dia cada pessoa dará conta a Cristo do uso de sua liberdade e autonomia, que a levou a praticar ou negar os ensinamentos do Evangelho. Cabe-nos preparar para este dia considerando o que Cristo mesmo nos assegura no Evangelho: “Se alguém ouve as minhas palavras e não as observa, não sou eu que o julgo, porque vim não para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me rejeita e não acolhe as minhas palavras já tem quem o julgue: a palavra que eu falei o julgará no último dia” (Jo 12, 47-48).
Segue, abaixo, os ensinamentos da doutrina da Igreja sobre o Juízo Final, conforme o Catecismo da Igreja Católica, §§ 1021 a 1041.
“A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre.
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem “tal como ele é" (1Jo 3,2), face a face (1Cor 13,12). Essa vida perfeita com a SS. Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominada "o Céu". O Céu é o fim último, a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva. Viver no Céu é "viver com Cristo". Os eleitos vivem "nele", mas lá conservam – ou melhor, lá encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome.
Por sua Morte e Ressurreição, Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados.
Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos. Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos.
Morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".
As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14).
A ressurreição de todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15), antecederá no Juízo Final. Esta será "a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,28-29).
É diante de Cristo – que é a Verdade – que será definitivamente desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus. O Juízo Final há de revelar até as últimas conseqüências o que um tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida terrena.
O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte.
A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens "o tempo favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor de Deus”.
Padre Francisco Cota