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Faça do Tríduo Pascal o seu retiro espiritual

Amados irmãos e irmãs, no silêncio desta noite de lua cheia, gostaria de partilhar com vocês coisas do meu coração, frutos da minha oração. 

Eis que bate a nossa porta o tríduo pascal. Nesta quinta feira iniciamos os três dias que são como um só: o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Meus irmãos, neste tríduo, não fazemos um teatro, não fazemos lembrança de algo que aconteceu no passado, não é uma saudosa recordação. Não! Pela força dos mistérios de Cristo, a sua paixão e ressurreição perduram pelos séculos sem fim através da Liturgia. 

 

Na ceia pascal judaica, o filho mais novo da família deveria perguntar ao pai: "Pai, porque essa noite é diferente de todas as outras?" Ao que o pai responde: "Nesta noite nós devemos celebrar como se nós mesmos fossemos libertados da escravidão do Egito".

Irmãos, essa verdade se aplica a nós: devemos celebrar o tríduo pascal como se nós mesmos fossemos ao cenáculo com Jesus. Depois vamos ao horto das oliveiras. Depois vamos ao calvário. Vamos com as mulheres ao túmulo ver os sinais do Ressuscitado. 

 

Mas, neste ano não poderemos celebrar em nossas igrejas. Não estaremos fisicamente juntos em nossa Liturgia. Como será nossa Páscoa? Quando eu rezava o evangelho desta quarta feira, me deparei com um trecho que pode nos iluminar:  Senhor, “onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” Jesus respondeu: … o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’”. 

Vejam, neste ano o Senhor quer celebrar a páscoa no cenáculo das nossas casas! No seio da nossa família. 

 

Talvez há muito tempo não tínhamos uma semana tão santa quanto essa: antes alguns estavam preocupados com as Liturgias pomposas, com cantos, flores, teatros…. A vivência do mistério passava despercebida. Por outro lado muitos estavam preocupados com a viagem, com o churrasco, com o baile do aleluia… Já não havia silêncio e recolhimento. Este ano tudo será diferente: iremos viver o essencial da fé, seremos obrigados a calar nossos ruídos. No silêncio de nosso isolamento iremos  contemplar os mistérios da cruz. 

 

Meus queridos, talvez em nosso coração não estejamos entendendo nada do que está acontecendo, como aqueles discípulos com Jesus em Jerusalém. Talvez pensemos que tudo está perdido como aqueles de Emaús. Mas no coração já desponta a esperança: é necessário ir a Jerusalém. É necessário passar pela cruz. É necessário enterrar nosso homem velho junto com Jesus, para ressurgirmos com ele.

 

Vamos irmãos! Chegou a nossa Páscoa! Viva com intensidade essa oportunidade única que Deus está nos dando de fazermos este grande retiro espiritual. Vamos pro cenáculo! Vamos ao silêncio da sexta da paixão e do sábado! Vamos sair das cinzas de nosso pecado para o fogo novo da madrugada de Domingo.

 

Nós nos gloriamos na cruz de Nosso Senhor! Nada a temer! Ele venceu primeiro! 

 

Deus os abençoe! 

 

Marcelo Henrique Nogueira da Costa, seminarista

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