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É possível ser católico e espírita ao mesmo tempo?

Há um tempo vi uma pesquisa que dizia que em torno de 70% dos católicos acreditam em doutrinas espíritas e/ou participam de centros espíritas. Se este dado realmente corresponde ou não, eu não saberia dizer. Só sei que é muito comum ver pessoas dizerem que não é necessário deixar de ser católico para ser espírita e que ambas as doutrinas podem ser praticadas ao mesmo tempo. Outro fato muito comum é a constatação de que muitas pessoas frequentam o espiritismo apenas por motivos sentimentais, pois desejam uma consolação através de uma suposta comunicação com os mortos, através de receitas quase que mágicas para curar doenças ou conselhos para sair de um problema. Talvez seja por isso que as pessoas acabam não percebendo várias contradições que existem entre a fé católica e o espiritismo, além de existir uma falta de conhecimento a respeito das duas doutrinas.

A primeira grande divergência que existe entre catolicismo e espiritismo acontece pela compreensão diferente que ambas tem a respeito da salvação. Nós, católicos, cremos que Cristo veio a este mundo e morreu para nos redimir do pecado e nos restituir a graça de Deus, conforme nos ensina a carta de São Paulo aos Efésios: “É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que Ele derramou profusamente sobre nós” (Ef 1,7). A doutrina espírita não acredita nisso. Segundo ela, cada pessoa humana vai reencarnando até quando não pagar todos os seus pecados. A partir disso, poderíamos concluir que a morte de Cristo na cruz foi inútil. Esta forma de pensar contradiz radicalmente o que acreditamos a respeito da misericórdia e do perdão de Deus. Para nós, católicos, Deus pode perdoar todos os nossos pecados quando estamos realmente arrependidos, pedimos perdão e fazemos penitência. Para o espiritismo não existe esta possibilidade, pois cada um deve pagar todos os pecados, uma vez que toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for paga nesta vida, deverá ser paga nas vidas seguintes.

Outra divergência fundamental se dá quanto à pessoa de Jesus: nós, católicos, cremos que Jesus é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade; enquanto que a doutrina espírita nega esta verdade fundamental da fé cristã, afirmando que Cristo foi apenas um grande “médium” e nada mais.

Concluo, aqui, apresentando estas duas divergências (lembrando que existem várias outras) e expressando meu respeito por todas as religiões que buscam a Deus, embora de formas diferentes. O que quero dizer aqui é que devemos fazer uma opção; não podemos viver duas doutrinas diferentes, ao mesmo tempo. Portanto, procuremos conhecer melhor a fé que temos para compreender a grande riqueza que existe em nossa fé católica!

 

 

Pe. Gilberto Antonio Boçons | Congregação dos Servos dos Pobres
 

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