Dom José Carlos deixa uma mensagem aos catequistas
Aos/Às Catequistas da nossa Igreja Diocesana de Divinópolis,
A Igreja que o mundo precisa e que Jesus quer não é aquela que mostra safras ou cifras elevadas de pessoas, de recursos e de resultados. Quantidade não significa identidade, nem consistência, nem maturidade. O Cristianismo começou pequeno, em pequenas comunidades e com poucos recursos. Havia multidões com Jesus, mas foi dos Doze que o Divino Mestre formou a fé e os constituiu como pilares e, mesmo aí, houve quem deserdasse. Houve rápida expansão do Cristianismo, mas não podemos nos esquecer de que, sob a violência da perseguição, as comunidades não podiam ser tão grandes, até para que não tivessem dificuldades para os encontros e celebrações. As casas e catacumbas não podiam acolher grandes quantidades. A Igreja era doméstica.
Contudo, o mandato de ir e fazer discípulos entre as gentes, batizando e ensinando a observar o que o Mestre disse (cf. Mt 28,19ss), traz consigo a necessária e esperada multiplicação e expansão dos discípulos e comunidades. Eis-nos, dois milênios depois do Jesus histórico, num mundo com sete bilhões de pessoas, das quais um pouco mais de dois bilhões são os discípulos de Jesus, nas diversas expressões do cristianismo e, deste universo, um pouco mais de 1,2 bilhão somos os católicos.
O que revelam os números? Os discípulos de Jesus estão longe de estar em toda parte! A parcela mundial que não conhece Jesus ou que está sob outras perspectivas religiosas ainda é infinitamente maior que os discípulos, “divididos sob muitos nomes”. A missão continua atual e tremendamente desafiadora, seja pela quantidade de pessoas na face na terra, seja pelo baixo dinamismo missionário dos discípulos desta hora da história. Não é à toa que a exortação apostólica de Papa Francisco (A alegria do Evangelho), o documento 100 da CNBB (sobre a nova paróquia), as últimas diretrizes gerais para a Igreja no Brasil (até 2015), o documento de estudos da vocação dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, e muitos outros textos atuais batem tanto na tecla da missionariedade, da hospitalidade, do novo, do diálogo, da ousadia!
Mas, o mapa católico do nosso tempo não nos deve levar ao desânimo e muito menos à sensação de fracasso ou incompetência. É preciso ver e celebrar, com alegria e gratidão, os frutos presentes e abundantes da missão. Olhando para trás, escutamos de novo a ordem e o envio de Jesus. Olhando em torno, vemos a abrangência e a urgência da missão. Olhando para frente, vamos em busca do possível, do que está ao nosso alcance, das semeaduras e dos frutos das fadigas deste nosso tempo.
Este censo catequético realizado lança muitos contentamentos em nossos corações. Somos tantos: catequistas (mais de 3.700!), catequizandos (mais de 34.600!), mais de 300 comunidades têm catequese regular e sistemática (somos mais de 550 comunidades urbanas e rurais!), mais de 100 padres (mais de 70 com menos de 30 anos de ministério!). Somos hoje no território diocesano (25 cidades e 53 paróquias) em torno de 800.000 habitantes. Destes, a maioria é católica; outra parcela, cristãos não-católicos; outra parcela, não-cristãos; e uma parcela de pessoas que se diz sem religião (e esta em crescimento!).
Olhando os dados deste censo, Deus seja louvado pelo muito que se faz. É para Ele e por causa d’Ele que fazemos. Pedimos que Ele ricamente fecunde a fé e a missão dos que tomaram para si o mandato de Jesus. O Bispo e os padres somos imensamente gratos pela presença semeadora e frutífera de tantos catequistas nas comunidades. Precisamos vencer a rotatividade e a superficialidade, o desânimo e os desafios de lidar com pessoas. Precisamos incrementar a criatividade e a pedagogia da catequese como encontro e seguimento de Jesus. Precisamos, cada um a seu modo e segundo seu estado vocacional, fazer ecoar o nome, a pessoa, a palavra, o reino, a salvação de Jesus. Precisamos transformar fé em serviço generoso, comungar Jesus na Eucaristia e no lava-pés, fazer o reino dos céus acontecer nos reinos da terra, dar sentido à nossa vida e à nossa morte a partir de Jesus.
Eis, irmãos e irmãs, nossa labuta catequética transformada em números e esquemas, realizações e esperanças, feitos e a fazer… Vamos adiante, o mesmo Senhor que nos deu a ordem de fazer discípulos também prometeu que estaria conosco todos os dias até o fim. Nada de abandonar o barco. Ele já vai em alto mar… e é preciso ir além.
A todos abençoo,
Dom José Carlos de Souza Campos
Bispo da Igreja que está na Diocese de Divinópolis