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Deus sobre as palhas

Para Santo Afonso de Ligório, o terceiro inimigo da alma humana é o apego excessivo à honra (orgulho) e o antídoto contra ele é a humildade.

Humildade é a grande característica de Deus que podemos contemplar no presépio. O orgulho foi causa de queda de nossos primeiros pais. Mas, para reparar tal desgraça, Deus quis que seu Filho Unigênito se humilhasse, assumindo a natureza humana. Assim, pelo seu grande exemplo, podemos amar a humildade e  detestar o orgulho.

Na gruta de Belém contemplamos um mistério: Um Deus sobre as palhas! Esse Deus onipotente que Isaías viu sentado sobre um trono elevado, agora repousa sobre as palhas, entre animais. Deus mostrou-se ao mundo como criança pobre a fim de se fazer mais amável aos nossos corações. Mais tarde, Jesus iria dizer: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração…
Deus não recebeu de ninguém a sua grandeza. Ele simplesmente a possui. É o Senhor do universo e todas as criaturas lhe obedecem. Mas, para curar o homem do vício do orgulho deu um exemplo de humildade quando veio habitar entre nós, em e pelo despojamento. Revestiu-se de nossas misérias e assumiu nossas fraquezas. O que há de mais sublime, rebaixou-se ao mais extremo! O imortal quis ser o último dos mortais, conforme disse o profeta Isaías. Nesse rebaixamento mostrou-nos toda sua humildade…

Cristo nasceu pobre, viveu pobre e pobre morreu. A família de Nazaré vivia do trabalho. Jesus foi chamado pelos seus conterrâneos de: “O filho do carpinteiro”. Em sua humilde casa em Nazaré não havia servos. Ele é que foi o servo e em tudo obedecia aos seus pais. Quando veio a se manifestar, em sua vida pública, acabou sendo ignorado pela maioria das pessoas, começando pelos mais próximos. Muitos o desprezaram como vil impostor. Foi considerado blasfemo, possesso e louco. Foi traído, julgado como herege e trocado por um ladrão. Arrastaram-no pelas ruas de Jerusalém, amarrado como malfeitor e abandonado por todos, inclusive, por seus discípulos. Foi torturado, escarnecido, despido e, finalmente, foi morto! A cruz era uma forma de morte terrível reservada aos piores condenados. Seus nomes eram para sempre amaldiçoados.

Foi pela força do amor que o maior de todos se fez o menor e, de todos, o servidor. O Verbo Divino, a grandeza personificada, humilhou-se ao extremo. Quanta lição se pode tirar disso, um mundo que busca, de forma extremada, o culto a si mesmo e a qualquer preço.

O orgulho humano é uma doença, dizia Santo Agostinho, que fez com que Deus, o divino médico, descesse do céu revestido de humildade para curá-la. Diante de tamanho gesto devemos envergonhar-nos de nós mesmos e de nosso orgulho. É bom saber, entretanto, que podemos ser curados pelos méritos da paixão de Cristo. Eles podem transformar-nos de pecadores em santos. Confiemos, portanto, nesses méritos e lutemos contra nosso orgulho e falta de humildade!

 

 

Por Padre Gabriel

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