Comunicação cristã: Azeite perfumado para a dor e vinho bom para a alegria…
Todos os anos, no dia de São Francisco de Sales, (24/01), Patrono dos jornalistas, o papa divulga uma mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, celebrado na Festa da Ascenção do Senhor (1º de junho).
O tema da mensagem para 2014 nos faz refletir e questionar muitas coisas nesse universo da comunicação: “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro”. Mas, será que os meios de comunicação têm promovido encontros humanos ou dispersão? A velocidade com que as informações são geradas quase sempre supera nossa capacidade de reflexão e discernimento sobre elas. Vale questionar se a avalanche de informações e possibilidades de conexões atuais, nos torna mais próximos uns dos outros. Corremos o risco de estar “on-line” o tempo todo e desconectados o tempo todo da vida real. Podemos ter informações do mundo todo e desconhecer a realidade de nosso bairro…
Refletindo sobre a questão da proximidade, o Papa Francisco citou a parábola do bom samaritano. O bom samaritano se fez próximo de quem estava caído e violentado na sua dignidade. O levita e o sacerdote preferiram manter distância daquele homem. A lei da pureza, ao ser observada, levou-os a ignorar o sofredor. Hoje, também, corremos o risco de ignorar o próximo, por causa dos inúmeros condicionamentos de alguns meios de comunicação, que podem nos afastar da vida real. Não basta circular pelas estradas digitais. É necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Precisamos amar e ser amados. Não são as estratégias comunicativas que garantem a beleza, a bondade, e a verdade da comunicação. O envolvimento pessoal é a raiz de confiabilidade de um comunicador. Por isso, o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais.
Entre uma Igreja acidentada que sai pela estrada e uma Igreja doente de autorreferencialidade ( que só pensa em si mesma e para dentro) o papa diz preferir a primeira. Entre os caminhos, estão as estradas digitais, congestionadas por uma humanidade ferida à procura de salvação e de esperança.
O testemunho cristão não se faz pelo bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros através da disponibilidade para se deixar envolver, com paciência e respeito, nas suas questões e nas duas dúvidas no caminho de busca da verdade e do sentido para a existência humana.
Ao final da mensagem o papa afirma poeticamente:
Que a nossa comunicação seja azeite perfumado para a dor e vinho bom para a alegria. A nossa luminosidade não provenha de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximos, com amor, com ternura, por quem encontramos ferido pelo caminho.
Por: Padre Gabriel