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24 de outubro de 2014

Comentário do Evangelho do 30º Domingo do Tempo Comum (Mt 22,34-40) – 26/10/14

Naquele tempo, 34os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo,

35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”
37Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!’

38Esse é o maior e o primeiro mandamento.

39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’.

40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

 

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

 

 

Comentário do Padre Guilherme

 

 

Nessa passagem do Evangelho, vemos, mais uma vez, que os fariseus tentam entrar em conflito com Jesus. Mateus vai mostrando que essa perseguição dos mestres da lei contra Jesus foi aumentando cada vez mais.

E por mais que eles armassem ciladas com o objetivo de terem motivos para poder denunciar Jesus (e aqui, Mateus deixou isso bem claro, quando disse que um dos fariseus, após se reunirem em grupo para combinar, fez a pergunta a Jesus “para experimentá-lo” – conforme o versículo 35), todas as vezes essas ciladas não alcançavam êxito. Jesus, em Sua sabedoria, dava respostas que deixavam esses fariseus confusos e sem saber o que pensar. Na verdade, Jesus mostrava estar muito mais a favor da lei que os próprios fariseus, que se julgavam perfeitos cumpridores dessa lei.
Foi essa série de conflitos que acabaram levando à morte de Jesus. Não tendo como calá-Lo (porque Suas palavras eram certas e mostravam como as autoridades judaicas viviam de forma errada) o grupo dos que dominavam os poderes políticos resolveram eliminar Jesus antes que os Seus ensinamentos originassem alguma revolta que os fizesse perder seu poder.
A passagem do Evangelho de hoje apresenta uma dessas discussões em que, mais uma vez, os fariseus saíram derrotados.

Essa questão de discutir qual seria o mandamento mais importante era comum para o povo de Israel daquele tempo. Como existiam muitos mandamentos religiosos, as pessoas se preocupavam em saber qual era o mais importante. Porque a partir desse mandamento mais importante, seria mais fácil entender o sentido dos outros que seriam dependentes dele. Assim, conseguiriam compreender melhor a religião.

O povo de Israel acreditava em uma coisa que eles chamavam de “Aliança de Deus com os homens”. Essa aliança era uma vontade de caminhar e permanecer junto, que aquele povo (e nós também) acreditava partir de Deus. Ele é bom, amoroso e quer ser companheiro do Seu povo.

Na maneira de entender dos israelitas, com o objetivo de que a Aliança se tornasse realidade, Deus havia entregado ao povo os mandamentos, que eram regras de como viver. E tinha que existir um mandamento que fosse o mandamento fundamental. Por esse mandamento ser o mais importante, como dito antes, iria influenciar os outros mandamentos.

Por exemplo, o mandamento que dizia: “Não terás outro deus diante de Mim” (Ex 20,3; Dt 5,7) já fazia pensar num princípio importante da fé desse povo: o monoteísmo, ou seja, a existência de um só deus.

Conforme as situações, o jeito que a vida ia seguindo, um ou outro dos mandamentos passava a ser considerado o primeiro, o mais importante, o fundamental. Mas isso não era uma questão resolvida definitivamente. Os mestres da lei e as pessoas interessadas viviam debatendo sobre isso naquela época.

Só que os fariseus resolveram levar essa discussão até Jesus para verem se a opinião d’Ele não entrava em contradição com a maioria das opiniões da época. Assim, teriam um motivo para acusar Jesus.

Mas a resposta de Jesus não servia de motivo para eles ficarem contra. Porque Jesus apresentou o mais importante dos mandamentos, que é o de amar a Deus. Eles não podiam discordar disso. Depois, Jesus apresentou um segundo mandamento e deu a esse segundo uma importância igual à do primeiro: amar o próximo como a si mesmo.

Ou seja, Jesus chama a atenção dos fariseus: Como é possível amar a Deus sem amar a si e ao semelhante? De que adianta alguém amar a Deus se não amar o irmão? Os fariseus devotavam muito amor a Deus, mas nem tanto assim aos semelhantes. Na verdade, eles perseguiam os que não eram do seu grupo. Estavam fazendo exatamente isso ao perseguirem Jesus. Mal sabiam eles que, pior ainda, além de estarem perseguindo um semelhante, esse semelhante era o próprio Deus que eles diziam amar tanto… Porque Jesus é o Filho de Deus e por isso é Deus.

Jesus mostra, indiretamente, aos fariseus que eles não praticavam o que estavam pregando.

Pensando em nossa vida de hoje em dia, observamos que Jesus tinha mesmo razão. Se procurarmos cumprir esses dois mandamentos (amar a Deus e ao irmão), isso nos levará a cumprir todos os preceitos religiosos: viver a misericórdia, a caridade, enfim, viver o amor de forma geral.

Podemos pegar essa “receita de vida” que Jesus dá e tentar aplicar em todas as situações de nossa vida. Por exemplo: Se eu falar tal coisa, estarei amando Deus e o semelhante? Se eu agir de tal maneira na minha casa, estarei amando Deus e o irmão? Se eu trabalhar de tal jeito… se fizer tal comentário… Em tudo podemos verificar se há amor de nossa parte a Deus e ao irmão. Se houver, estaremos guiando nossa vida na lei de Deus.

Peçamos a Jesus que nos ilumine com a sabedoria e nos dê coragem de vivermos o amor a Deus e ao irmão.

 

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*Padre Guilherme da Silveira Machado é vigário paroquial na Paróquia de N. Sra. do Carmo, em Carmo do Cajuru. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14:00 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.

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