Comentário ao Evangelho do 6º Domingo da Páscoa (Jo 15,9-17) – 10/05/18
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isso, para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Esta passagem apresenta dois temas importantes de nossa fé: amor e obediência. Jesus fala do amor que Deus sente por Ele: um amor que faz parte das relações existentes no seio da Santíssima Trindade. E é com essa mesma intensidade de amor divino que Jesus ama os seres humanos. A obediência não se trata de uma aceitação cega ou um colocar-se em determinada atitude por insegurança ou medo da ira do Criador, mas é um querer corresponder ao amor divino. Deus ama a humanidade de maneira que desconcerta o coração humano e surpreende todas as expectativas. Quando o homem tem consciência da intensidade e gratuidade desse amor, sua única reação deve ser um correspondente amor.
Jesus ensina como se deve apresentar essa resposta ao amor de Deus: guardando Seus mandamentos e, assim, permanecendo em Seu amor. A consequência de uma vida assim é a alegria, sinal maior da santidade e vida cristã. A alegria é uma antecipação do que se irá sentir no tempo da salvação, na glória de Deus, enfim, no céu.
O mandamento de Jesus não traz apenas uma norma ou estilo de vida, mas também possibilita a vivência plena do amor fraterno e a edificação mútua da humanidade.
Na morte de Jesus na cruz podemos ver o extremo de Seu amor por Deus Pai. Mas também o extremo de Seu amor pela humanidade. Somente um amor muito grande pode levar alguém a enfrentar tal sacrifício.
Jesus não quer que os homens sejam seus servos. O servo é aquele que executa ordens, ainda que não consiga compreender plenamente o sentido delas. O amigo sente vontade de fazer sua a vontade do outro porque a conhece e sabe que traz o bem.
A escolha que Jesus diz ter feito é a eleição divina. Foi Deus quem nos escolheu, Ele nos quer, deseja nossa amizade. Uma escolha que traz junto a tarefa de viver plenamente, produzindo frutos.
Diferente do que se possa entender, a amizade que Jesus ensina aqui não traz um benefício de mover Deus para atender a todas as vontades do ser humano, independente de quais sejam. A partir dessa consciência e dessa amizade com Deus, o ser humano tem condições de pedir a Ele somente aquilo que verdadeiramente necessita. Alcança uma capacidade de compreensão da vida que lhe faz querer e pedir a Deus somente o que lhe é mais necessário para a salvação.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira.