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14 de setembro de 2016

Comentário ao Evangelho do 25º Domingo do Tempo Comum (Lc 16,1-13) – 18/09/16

Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: 1“Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. 10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

 

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

 

 

Comentário do Padre Guilherme

 

Esta parábola contada por Jesus costuma trazer uma certa dificuldade. Porque parece propor o exemplo de um homem desonesto. Precisamos entender que Jesus não está ensinando seus seguidores a agir com injustiça. O convite é que os seus discípulos sejam atentos e habilidosos no serviço do Reino. Tanto quanto os espertalhões desse mundo nos seus negócios escusos. Os seguidores de Jesus devem ser prevenidos contra as espertezas desse mundo.

Jesus faz uma comparação entre a habilidade dos que pertencem a este mundo com a inocência e pureza dos filhos do Reino, que pode levá-los a ser enganados.

Alguns estudiosos do Evangelho de Lucas apresentam uma ideia dessa passagem que pode nos ajudar um pouco a compreender melhor o que Jesus que falar com essa parábola.
Primeiro, devemos observar que o administrador não foi acusado de desonestidade, mas sim de desperdício e má administração dos bens do patrão.

Segundo, que o pagamento dos administradores naquele tempo era tirado dos juros que eram cobrados nos empréstimos. Existe, portanto, a possibilidade de que a quantia que o administrador na parábola diminuiu nas dívidas seja aquilo que apenas ele receberia. Agindo assim, na verdade ele restituía o prejuízo de seu patrão, abrindo mão de receber sua parte. Seria assim uma forma inteligente e honesta de agir.

Esse ensinamento de Jesus é um apelo para que as pessoas “que pertencem à luz” sejam tão dedicados à busca do Reino quanto esse administrador possivelmente agiu para consertar sua situação e garantir a permanência no emprego.

Também, se considerarmos que esse administrador abriu mão do seu lucro nos negócios para repor o serviço mal feito, podemos entender que existe, aí, um convite à libertação do apego das riquezas e bens materiais em favor do bem e da honestidade.

Independente se esse administrador tenha agido com honestidade ou não, podemos tirar um ensinamento dessa parábola. E talvez seja o mais profundo que Jesus quis passar: as pessoas que seguem o projeto de Deus, buscando viver o bem e a caridade, devem fazer uso de sua inteligência. Ser cuidadosos com as pessoas que não vivam guiadas pelos princípios evangélicos.

Ser inocente, puro, e generoso, não significa conformar-se em ser sempre passado pra trás, deixando que os que se sentem espertos sempre se saiam melhor e tenham mais vantagens. Quem quer ser seguidor de Jesus precisa ser contra a desonestidade. É necessário querer o que é certo e justo. E para isso se deve fazer uso da inteligência, buscando aprender mais e ser mais bem informado a respeito das realidades da vida. Ser cristão não significa ser alienado.

Mais ao final do trecho, Jesus convida a fazer bom uso do dinheiro injusto. Não se trata de uma aprovação às formas injustas de se conseguir dinheiro. O que acontece é que vivemos em um mundo onde nem todas as pessoas agem de forma correta na administração das coisas materiais. E estamos inseridos neste mundo, não há como nos isolar e afastar de toda essa realidade. De nossa parte é possível não compactuar com as formas desonestas presentes na vida. O dinheiro e os bens materiais não raro são utilizados de forma desonesta e, muitas vezes, isso está fora do nosso controle. Mas, naquilo que temos poder de decisão, nossa escolha deve ser pela honestidade, por aquilo que é certo. Quem age assim está, na verdade, praticando uma forma melhor de viver e permanecendo numa condição de quem certamente alcançará os dons da vida eterna.

 

 

Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.

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