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27 de fevereiro de 2024
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A Vida Cristã e o Sacramento da Confissão

A grandiosa inauguração da vida cristã acontece, com solene júbilo, por ocasião do recebimento do sacramento do batismo. Este deverá ser vivido, continuamente, por meio de uma espiritualidade eucarística.
Aqui temos a vida cristã verdadeiramente reconciliada: o ser humano encontra-se com o Deus que o chama
, morre para o pecado e emerge como nova criatura, transformando-se em membro do Corpo Místico de Cristo, a Igreja.
Batismo e eucaristia capacitam para a vivência plenamente reconciliada com Deus. não são necessários outros sacramentos para tal. Todavia, o ser humano não perde, com o batismo e a eucaristia, a inclinação para o pecado. Caindo em pecado de natureza grave, colocar-se-á em condição de “excomunhão”. Esta grave crise pode ser remediada pelo sacramento da confissão (reconciliação ou penitência).

Assim sendo, o sacramento da confissão consiste em novo anúncio de reconciliação, já conhecido pelo cristão por ocasião de seu batismo, vivido em uma espiritualidade eucarística.

O Código de Direito Canônico nos diz que a única forma ordinária de reconciliação, em caso de pecado de natureza grave, é a confissão individual e íntegra, seguida de absolvição.

Em casos singulares de grave impossibilidade, pode se lançar mão de meios extraordinários de reconciliação com Deus e com a Igreja, cumprindo-se o prescrito nos cânones 960-964. O Código de Direito Canônico não quis especificar o que seria pecado de natureza grave, deixando tal tarefa para os tratados de teologia moral. Contudo, o Catecismo da Igreja Católica nos diz no §1858que “matéria grave” é precisada pelos dez mandamentos, aumentando ou diminuindo a gravidade conforme a ação praticada e as pessoas envolvidas.

Podemos afirmar, categoricamente, que não é sacramento da confissão: pedir conselhos ao padre sobre situações difíceis vividas (isto é aconselhamento); não é desabafo.

Pode até aliviar as tensões, mas não é confissão; não é contar as virtudes que julga ter ou as atividades que realiza; não é contar os pecados dos outros (e que muitas vezes, nem existem. Estão apenas na cabeça de quem está contando). Mas, então, o que é confessar? É colocar diante de Deus nossas misérias, nossas fragilidades, confiando na sua misericórdia infinita.

O pecado é uma grave ofensa a Deus, que rompe nossa comunhão com Ele e com a Igreja. O sacramento da confissão tem a capacidade de realizar ambas reconciliações: com Deus e com a Igreja.

O primeiro critério para uma boa confissão é o arrependimento: é preciso que examinemos, seriamente, o nosso agir cotidiano, tomando consciência dos nossos atos diante do amor misericordioso de Deus. Tendo reconhecido nossas mazelas, é preciso que nos acusemos diante do confessor. O confessor não está diante de nós como juiz-condenador, mas como manifestação da misericórdia de Deus.

Desejosos de evitar tudo aquilo que nos aparta de Deus e de nossos irmãos e irmãs, recebemos a absolvição sacramental, conscientes da necessidade de reparar o mal real que nossos pecados acarretaram na vida de nossos semelhantes (por exemplo, se furtamos algo de alguém, imputamos ao irmão um prejuízo financeiro). “A verdadeira conversão se completa pela satisfação das culpas, pela mudança de vida e pela reparação do dano causado…

Assim, o penitente, esquecendo o que passou (Fl3,13), integra-se de novo no ministério da salvação lançando-se para frente”.Mas, com que espírito devo preparar-me para participar do “Mutirão de Confissões” que, tradicionalmente, acontece no período da quaresma?

O Mutirão de confissões é um momento oportuno para aqueles que tem dificuldades para dirigir-se ao atendimento ordinário (que acontece em nossas secretarias paroquiais ou em outros locais previamente determinados) para receber este importante sacramento. Nossos mutirões de confissão, normalmente, contam com um enorme fluxo de penitentes.

Muitos esperam por horas e horas até chegar o momento de celebrar o sacramento da confissão. Por isso, é preciso consciência. Se você tem a possibilidade de se dirigir a secretaria paroquial para receber o sacramento da reconciliação nos dias e horários pré-determinados por sua paróquia, assuma esta opção, deixando o mutirão para os que não tem a mesma possibilidade.

São convidados ao sacramento da confissão aqueles que cometeram pecado de natureza grave ou que não celebram este sacramento a um ano ou mais (a Igreja pede que confessemos em caso de pecado de natureza grave ou, pelo menos uma vez por ano, de preferência, por ocasião da Páscoa do Senhor).

Caso não se encaixe nestes quesitos, deixe para se confessar noutro momento. Sua presença no mutirão poderá impossibilitar que alguém, que realmente necessite, celebre este tão importante sacramento. Mutirão de confissões não é momento de “Direção Espiritual” ou “Aconselhamento”.

Se você necessitar destes tipos de atendimentos, procure-os em outro momento em sua comunidade paroquial. Se você irá procurar o sacramento da reconciliação no mutirão de confissões, vá devidamente preparado: exame de consciência feito e conhecimento dos pecados a serem apresentados. Isso agiliza o processo. Da mesma maneira que você, os demais penitentes têm direito a um atendimento ágil, semuma interminável espera. A reconciliação no mutirão de confissões não é momento de se contar “histórias”.

O penitente deve colocar-se diante do confessor, fazer as orações por ele propostas, apresentar, de maneira direta e suscinta suas mazelas (seus pecados), ouvir os conselhos e indicações, receber a absolvição e retornar para casa. Depois de você, teremos, possivelmente, muitas pessoas esperando para se confessar (talvez horas). Eles também merecem ser atendidos, sem terem de permanecer por horas e horas em intermináveis filas até que chegue a sua vez.

Assim, nos prepararemos para, devidamente reconciliados com Deus e a Igreja, celebrarmos juntos a Páscoa do Senhor.

 

Padre Alex Cristiano – Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar – Pitangui

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