Homilia de Dom Geovane Luís na Ordenação Diaconal do Seminarista Henrique Teodoro Souza
Confira a Homilia proferida por Dom Geovane Luís, na Celebração Eucarística com Rito de Ordenação Diaconal de Henrique Teodoro Souza, na Catedral do Divino Espírito Santo, em Divinópolis, dia 12/12/2024.
“A minha alma engrandece o senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador “(Lucas 1, 46)
Amados irmãos(ãs), caríssimos ministros ordenados, diáconos, presbíteros, religiosos, religiosas, vocacionados, irmãos (ãs) provenientes das duas comunidades tão ligadas ao nosso caro Henrique: Carmo do Cajuru e São Gonçalo do Pará. Distintos familiares do diácono, Dona Terezinha, seu pai Salvador… Caríssimo diácono Henrique, há um tempo para tudo!
Ouvimos hoje esse trecho da Carta de São Paulo aos Gálatas, falando justamente desta dimensão do tempo. No tempo previsto, Deus enviou seu amado filho Jesus, nascido de uma mulher, para que todos aqueles que estavam sob o jugo da lei, se tornassem livres e salvos! Há um tempo para tudo, Deus escolheu entrar no tempo pra assumir a nossa condição humana e nos abraçar. Nós, somos filhos e filhas deste tempo, e no tempo, a graça de Deus se manifesta e assim podemos responder livremente ao chamado que ele nos faz.
Chegou o tempo, o dia, da sua ordenação diaconal, e desta forma você, antes de mais nada, é convidado a elevar ao Senhor uma prece de gratidão, porque não somos merecedores de tão sublime missão. O Senhor que eleva os humildes, faz isso unicamente para que estes se tornem mais servidores, por isso, o Deus nos eleva à graça do ministério ordenado. “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lucas 1, 46) – estas palavras, de gratidão que brotaram do coração de Maria, a Mãe de Jesus, servem para emoldurar a sua vida e fazer com que você e todos nós, porque não, compreendamos uma grande verdade. Sejamos sempre agradecidos, porque Deus nos oferece muito mais do que merecemos, porque Ele é misericordioso.
O Evangelho de hoje nos apresenta a figura de duas mulheres, mas à sombra destas mulheres, uma luz grandiosa. À sombra de duas mulheres, a grande luz: João Batista! Aquele que veio anunciar o Messias, o Cristo Jesus, a luz verdadeira, que dissipa todas as trevas deste mundo! São duas mulheres que cantam a alegria de terem sido alcançadas pela misericórdia de Deus. E na nossa vida, não temos outra opção, senão nos deixarmos alcançar pela misericórdia do Senhor, porque frágeis todos nós somos. Mendicantes do amor e da ternura de Deus.
Maria segue sozinha apressadamente, o Evangelho não faz menção aos varões, nem a José, nem a Zacarias. As duas mulheres ocupam este cenário: uma jovem, outra anciã. Maria parte… Maria põe-se a caminho, uma primeira indicação para todos nós, enquanto igreja, e particularmente para você (Henrique), é preciso descobrir que somos peregrinos, caminhantes, o peregrino jamais se dará por satisfeito, tendo chegado em algum lugar, porque sabe que o seu ombro, o seu lugar de descanso é o coração de Deus.
Maria põe-se a caminho, porque tem no coração um único desejo – levar o Evangelho vivo, que ela trazia no seu ventre. Levar o Evangelho a Isabel, à casa de Zacarias. Maria partiu, se colocou a caminho, e aqui o retrato da igreja missionária, do diaconado como missão, proclamação jubilosa da Palavra de Deus. Você será ordenado diácono, e essa é a missão do diácono. A missão por excelência do diácono é anunciar a palavra e traduzi-la num serviço de amor. E é isto que Maria faz, Maria entrou na casa de Zacarias, e ali certamente realizou os serviços necessários naquela casa, pois Isabel havia concebido em idade avançada e precisava de receber os cuidados, a atenção de Maria. Maria leva o Evangelho e o traduz concretamente num serviço de amor. Assim deverá ser também o seu ministério, proclamação jubilosa da palavra, tradução real da palavra: no amor aos irmãos e irmãs.
Maria entrou na casa de Zacarias, este verbo aqui não é acidental, é preciso entrar na comunidade de fé, com respeito, veneração. É preciso entrar no coração das pessoas com respeito, porque é terra sagrada. Um ministro ordenado é este, que é chamado a entrar na vida das pessoas com cuidado para anunciar o Evangelho, oferecendo sempre o melhor de si mesmo.
Maria entrou e cumprimentou Isabel, o que Maria diz? Certamente, Shalom, paz, a plenitude dos bens temporais e espirituais. Assim Maria se apresenta como a portadora da verdadeira paz. Nós ministros ordenados, somos chamados a pacificar a comunidade, unir a comunidade, promover a paz. Somos fracos, frágeis, mas somos chamados a ser instrumento de paz, onde Deus nos colocou.
Você (Henrique) será enviado para a Paróquia de São João Bosco, em Nova Serrana, grandes desafios naquela comunidade, mas uma grande expectativa no coração do povo, uma paróquia tão bonita, jovial, cheia de entusiasmo, carente do anúncio do Evangelho, tenho certeza que sua presença lá será um bálsamo consolador, para todos que estão ali, o povo espera você, para este serviço generoso.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, Shalom, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo! (Lucas 1, 41) Maria leva paz, alegria e o Espírito Santo inunda aquela casa, inunda o coração das duas mulheres! Sejamos ministros da paz! Mais tarde, Jesus ao enviar os discípulos, ele vai colocar essa condição: onde entrares, por primeiro digam, paz a esta casa. Esta é a nossa missão, viver pacificado e promover a paz! Naquela casa simples, da Judeia, se dá o encontro de duas mulheres e Isabel proclama que Maria é a mulher bendita! A mulher bendita porque acreditou no projeto de Deus, acreditou que Deus era seu único sentido, acreditou que sua alegria estava em Deus, eis aí para o filho uma orientação: busque a verdadeira alegria em Cristo Jesus, alegria que não se confunde com prazeres passageiros, status, honra, mas, alegria que é simplesmente acolher um amor que não merecemos, o amor do Cristo. Maria visita Isabel e ali naquele momento Isabel reconhece que ela é a Mãe do Senhor. Hoje nós estamos celebrando a festa da Virgem Maria, a Senhora de Guadalupe, a Mãe do Senhor, a serva do Senhor, aquela que diz: “Eis aqui a Serva do Senhor” (Lucas 1,36), assim que soube que seria a mãe de Jesus. Para se mostrar como serva do Senhor, ela também serve os irmãos e irmãs, e apressadamente parte para uma região montanhosa. O amor tem pressa, o desejo de servir tem pressa, são muitos os necessitados no mundo de hoje do Evangelho, de um sorriso, da proximidade, de um alento, e o nosso ministério deve se traduzir assim, em pequeninos gestos de amor, que trazem conforto e alegria, para os irmãos e irmãs. Que nunca falte na sua vida a alegria do serviço! O Espírito missionário se põe a caminho, ao entrar corajosamente na realidade do mundo, experimentar ao vivo as dores das pessoas. Que seja assim a sua vida e assim você poderá cantar com Maria: “a minha alma engrandece o Senhor, e o meu Espírito se alegra em Deus meu salvador”. Que seja fecundo o seu ministério, Deus o abençoe nesta nova missão!
(Degravação por Valquíria Souza/ Fotos Célio Costa)