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Bendito maio!

Maio, para os corações marcados pela experiência da fé e do afeto, é mês bendito e benfazejo. Pensamos a Mãe, que a fé nos ensinou a amar, e a mãe, que nossos afetos nos ensinaram a colocar em lugar especial. Celebramos, ainda, a instalação da nossa Igreja diocesana e a ordenação daquele que a preside. Por mais pragmáticos que sejamos, haveremos de ver algum valor, alguma beleza e alguma relação, escondidos nestes dados.
Mãe do céu e mães da terra, Mãe Igreja e pastoreio materno das ovelhas. A linha das virtudes da maternidade perpassa os temas. As dimensões e características próprias do feminino do ser e da missão irrompem com força e como imperativo.

Como faz bem compartilhar a Mãe de Jesus com ele. E não porque reivindicamos isso, mas como dom generoso e cuidadoso do Senhor da cruz à sua comunidade que ele não queria deixar no desamparo dos afetos e zelos de uma mulher, a sua Maria. “Eis tua mãe!”, palavras que nossas carências espirituais nunca haverão de esquecer! Somos sim carentes de Mãe e de Pai! Quem diz isso de nós, querendo nos infantilizar, como Freud, não diz nosso defeito, mas nosso consolo. Temos uma Mãe, que cremos piamente que olha e cuida de nós, por mandato de seu divino Filho – “Eis teu Filho!” – e temos um Pai, fonte e destino de toda vida, princípio transcendente e espiritual de nossa existência mortal e frágil.

A Igreja não nasceu de Jesus para ser instituição ou organização terrestre primariamente, mas para ser casa acolhedora e cuidadora dos discípulos, sobretudo os mais vulneráveis, como coração de mãe, que busca, abraça, segura, põe para dentro, cuida, aconselha… toma a iniciativa, envolve, acompanha, faz dar fruto e festeja, usando palavras do Papa Francisco para definir o que ele chama de “Igreja em saída” (EG 24). Igreja que não aprendeu a ser mãe e agir como mãe ainda está em busca da sua identidade mais profunda! “A Igreja é mãe e prega ao povo como uma mãe fala ao seu filho, sabendo que o filho tem confiança de que tudo o que se lhe ensina é para seu bem, porque se sente amado. Além disso, a boa mãe sabe reconhecer tudo o que Deus semeou no seu filho, escuta as suas preocupações e aprende com ele. O espírito de amor que reina numa família guia tanto a mãe como o filho nos seus diálogos, nos quais se ensina e se aprende, se corrige e valoriza o que é bom…” (EG 139). As mães biológicas e boas da terra sabem e vivem isso e mostram que é assim que a Igreja, como mãe dos discípulos do Senhor, deve portar-se diante dos que estão sob seus cuidados espirituais. Deus seja louvado porque colocou na carne das mulheres mães o que Ele quer no corpo e no coração da sua construção espiritual que é a Igreja. É possível, na grande família eclesial, vivenciar o que se experimenta no pequeno núcleo familiar: a maternidade presente neste grupo pode expandir-se, pela graça que gera amor, naquele corpo grande que é a Igreja. Daí a imagem comparativa e oportuna entre Maria e a Igreja, a primeira mãe e a segunda mãe, a segunda é imitação e imagem da primeira; a primeira é modelo e estimuladora da segunda.

Em maio, nossa Igreja diocesana e local, onde vemos e sentimos a universalidade e maternidade da Igreja Católica, celebra seus 56 anos de missão! Criada em 11 de julho de 1958, pelo Papa Pio XII (falecido em 09 de outubro de 1958) e instalada em 17 de maio de 1959, sob o pontificado de João XXIII (iniciado em 28 de outubro de 1958), quando também foi ordenado nosso primeiro Bispo, Dom Cristiano Frederico Portela de Araújo Pena, esta nossa Igreja de Divinópolis, ao longo destas mais de cinco décadas e “ad aeternum”, até que chegue o dia pleno da Igreja do céu, deve postar-se como mãe dos seus filhos. O coração da Igreja diocesana deve ser seu bispo e os seus imediatos e imprescindíveis colaboradores, os sacerdotes, as veias que facilitam a boa circulação sanguínea deste coração é a vida consagrada, ativa e, particularmente, a contemplativa. Estes são os que cuidam maternalmente e dão vigor, sanidade e higiene espiritual ao corpo inteiro. E assim se tornam exemplo para todos os que têm, em âmbito menor, tarefas pastorais na Igreja.

Rezem, portanto, para que aquele que preside esta Igreja, que há um ano sou eu, e não importa quem seja, possa ser o coração materno desta Casa de muitos filhos, deste Corpo de muitos membros, sendo expressão do coração materno de Maria, a do céu e aquela que Deus me deu na terra como minha mãe! Eu aprendo das duas Marias!
Abraço, como o coração materno desta Igreja, com afeto e gratidão, todas as mamães, todos os sacerdotes, religiosos e religiosas desta nossa Igreja, todos os leigos e leigas, pessoas, famílias e comunidades… Salve a Mãe Maria, a Mãe Igreja, a Mãe que deu-nos à luz… Bendito seja Deus, bendito seja maio…

 

 

Dom José Carlos | Bispo Diocesano

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