Dom José Belvino fala do Ano Santo da Misericórdia
O Papa Francisco anunciou o Jubileu do Ano Santo da Misericórdia por meio da Bula de Proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). O Jubileu iniciou-se em 08 de dezembro de 2015 e será concluido no dia 20 de novembro de 2016, com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo.
A celebração do Jubileu tem suas origens no judaísmo. Consistia em uma comemoração de um ano sabático que tinha um significado especial. A festa realizava-se a cada 50 anos. Durante o ano, os escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem cultivar e se descansava. Era um ano de reconciliação geral. Na Bíblia, encontramos algumas passagens dessa celebração judaica (cf. Lv 25,8).
Em entrevista concedida aos padres Edmar e Aldair, durante o Retiro Anual do Clero de Divinópolis, Dom José Belvino, Bispo Emérito, falou da importância do Ano Santo da Misericórdia.
A programação do Jubileu da Misericórdia está sendo bem intensa. Na Catedral está acontecendo uma programação convidando grupos específicos. Em conceição do Pará, o desejo é que se organizem peregrinações das comunidades paroquiais, pastorais, movimentos e grupos em geral. O próximo encontro será no dia 04 de setembro. O Bispo Dom José Carlos se reunirá com os catequistas da Diocese.
Como obter a indulgência?
Para viver e obter a indulgência é necessário realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa. Neste momento, o fiel deve estar unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da Santa Eucaristia, com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a Profissão de Fé e com a Oração pelo Papa e pelas intenções do Santo Padre e para o bem da Igreja e do mundo inteiro.
Para obter a indulgência:
1 – O fiel deve estar em estado de graça; portanto, ter se confessado, sacramentalmente, de todos os pecados e com disposição interior de afastar-se, totalmente, do pecado, até mesmo venial;
2 – Só se obtém a indulgência plenária uma vez por dia;
3 – Deve receber a Santíssima Eucaristia;
4 – Deve rezar segundo as intenções do Sumo Pontífice. Sugere-se um Pai Nosso e uma Ave Maria;
5 – As indulgências são sempre aplicáveis a si próprio ou às almas dos falecidos, mas não às outras pessoas vivas sobre a terra. Pode-se colocar em intenção pelas almas mais necessitadas, abandonadas ou esquecidas por seus parentes e amigos.
Observação: não é necessário que a Confissão Sacramental e, em especial, a Sagrada Comunhão e a oração pelas intenções do Santo Padre sejam feitas no mesmo dia em que se cumpre a obra indulgenciada. O importante é cumprir todo o ritual, procurando não ultrapassar 30 dias.
Obras da misericórdia
As obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar, com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem, nomeadamente, em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus. (Catecismo da Igreja Católica, 2447)
É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar, cada vez mais, no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar, com paciência, as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos. (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus)
Quais são as obras de misericórdia?
Há quatorze Obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais.
Obras de misericórdia corporais:
1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos
Obras de misericórdia espirituais:
1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer, com paciência, as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos
As Obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, numa lista enunciada pelo Senhor na descrição do Juízo Final.
A lista das Obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo: o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.