Diálogo inter-religioso: Padre visita Sheik Muçulmano e participa com eles da oração
O dia estava muito bonito. Igualmente bonita estava nossa intenção ao visitar a Mesquita Muçulmana, em Belo Horizonte. Afinal, estamos numa época em que se faz necessário construir pontes de relacionamentos entre as religiões para o bem de todos. No mundo existem muros demais…
Após os contatos telefônicos, Gilmar e eu, meu sobrinho, pegamos a estrada que liga Pará de Minas à Capital do Estado, no dia 01 de abril, sexta-feira, o dia de preceito para o Islamismo. Na Mesquita, fomos gentilmente recebidos pelo Sheik Mokhtar El Khal. Natural de Marrocos, Sheik Mokhtar já reside no Brasil há 26 anos. Fala a língua com clareza, mas admite sua dificuldade para escrever em português. Antes de vir para o Brasil, alimentava o sonho de trabalhar em Singapura. Esse sonho acabou não se realizando. Deus tinha outros planos para ele. Foi designado para passar dois anos no Brasil divulgando o Islã para a Comunidade Islâmica Árabe. Hoje, dá graças a Deus por estar aqui, e agradece, mais ainda, por estar em Minas Gerais. Afirma que nunca foi hostilizado no Brasil por ser estrangeiro, nem por ser muçulmano.
Na segunda parte da entrevista, Mokhtar El Khal fala sobre as dificuldades de compreensão do Islamismo no mundo ocidental. Os conceitos são deturpados e mal compreendidos. O chamado “Estado Islâmico” para ele são grupos malucos que nada tem a ver com a religião. São formados por jovens que, de alguma maneira, foram violentados em seus direitos e acabam se agrupando ou sendo recrutados para a prática da violência. Quanto ao papel das mulheres, Sheik Mokhtar afirmou que são elas que devem falar sobre isso. Mas, reconhece que as mulheres muçulmanas já gozavam de certos direitos, que só mais tarde foram conquistados pelas mulheres ocidentais. Disse que o conceito “jihrad” nada mais é que o esforço que o bom muçulmano deve fazer para praticar corretamente sua religião.
A religião muçulmana se baseia sobre cinco pilares: a profissão de fé, as cinco preces diárias, a caridade (esmola), o jejum e a peregrinação a Meca, Cidade Sagrada da religião. Com relação ao jejum, Mokhtar disse que no começo ele não é fácil para os brasileiros. Então, ele os orienta sobre a maneira correta de fazê-lo. Aos poucos tudo se ajeita.
Cumprindo o pedido de Sheik Mokhtar para que conversássemos com as mulheres frequentadoras do Islã, sobre o papel das mesmas dentro da religião, é que finalizamos nossa entrevista, conversando com uma delas. Trata-se de Imane Elkhal, 18 anos. Imane estuda em Belo Horizonte e sonha em ser Técnica em Design de Interiores. Como toda jovem de sua idade, admite ser muito sonhadora. Hoje segue o Islã porque se sente valorizada dentro da religião. Reconhece que as mulheres islâmicas adquiriram certos direitos, mesmo antes das mulheres ocidentais. Por usar o véu, costuma perceber a discriminação em muitas pessoas. Na faculdade, no entanto, isso não acontece, porque já se acostumaram com ela. Cerca de cinquenta mulheres frequentam, atualmente, a Mesquita, em Belo Horizonte. Finalizando a entrevista, Imane falou sobre a importância da fé na vida de qualquer pessoa. Confira, abaixo, a entrevista:
Por Padre Gabriel
Fotos e Vídeos: Gilmar Souza Koizumi