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Amigo do Noivo

João Batista é um personagem bíblico que me encanta. Seu nascimento foi anunciado por um anjo, enquanto seu pai, o sacerdote Zacarias, servia no Templo. Zacarias era idoso e sua mulher também. O anuncio do nascimento de um filho o assustou tanto, que ele acabou perdendo a fala. E não era para menos! João foi o nome do menino sugerido pelo anjo. Ele veio com uma missão específica: – preparar os caminhos de Jesus. Era a voz que clamava no deserto. Segundo Jesus, ele foi o maior de todos os profetas.

João não seguiu a vocação do pai. Deixou de ser sacerdote para ser profeta. E, como era de se esperar, pagou caro por isso. Era um homem sem dobras, uma espécie de encarnação da ética. Anunciava um novo tempo e condenava os erros de sua época. Era amado pelo povo e odiado pelas lideranças políticas e religiosas.

Um dia, enquanto batizava no Jordão, eis que Jesus entrou na fila dos penitentes. Aquilo era demais! E João disse: Eu é que devo ser batizado por ti! Mas, Jesus o retrucou. E para ser solidário com todos os pecadores, ele, que não tinha pecado algum, recebeu o batismo de João. Nesse dia, João viu o céu se abrir e algo, em forma de pomba, descer sobre Jesus. Uma voz, vinda do céu, confirmou: Esse é meu filho amado, em quem pus minha admiração! Aquela visão, certamente, o marcou pelo resto da vida.

João chegou a ceder os próprios discípulos a Jesus. Convém que ele cresça e eu diminua, disse, um dia, ao ser questionado sobre a atuação de Jesus, que também batizava.  – Sou apenas o amigo do noivo, disse. Mas, o que significa ser “amigo do noivo”?

Nos tempos bíblicos era comum que o pai chamasse alguém de sua extrema confiança e lhe pedisse ajuda para casar um filho ou uma filha. Para aceitar tal responsabilidade,  a pessoa, realmente, tinha que ser de muita confiança! Cabia ao amigo do noivo arranjar-lhe uma esposa prendada que o fizesse feliz. Por isso, ele empenhava-se, de verdade, nesse ofício. Depois de arranjado o casamento, ele, simplesmente, sairia de cena. João fez, muito bem, esse papel. Jesus é o noivo. A humanidade (igreja), a noiva. Uma vez que as núpcias estavam prestes a acontecer, já não havia mais necessidade do amigo do noivo. Por isso, João afirmou: Convém que ele cresça e eu diminua…

Acho muito bonito esse comportamento de João Batista. Ele é a pessoa que soube sair da cena na hora certa, coisa que nem sempre sabemos fazer. Gostamos de entrar em cena e permanecer no palco recebendo os aplausos. Mas, não gostamos dos bastidores.

João Batista foi, assim como São José e tantos outros santos, o homem da medida certa. Não quis roubar a cena ou tirar proveito da situação, nem mesmo quando o povo quis elegê-lo como o Messias. Eu não sou digno, dizia, nem de desatar as sandálias que ele calça…

Que João Batista nos ensine os caminhos da simplicidade, humildade e  ética. Com certeza, eles não passam pelas vias da vaidade humana, tão cultuadas no mundo de hoje!

 

 

Por: Padre Geraldo Gabriel

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