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25 de junho de 2013

Histórico do Santuário de Nossa Senhora da Conceição

Segundo a tradição popular, foi no lugar chamado Itaipava (pedra do rio), que Domingos Rodrigues do Prado e seus 500 seguidores, depois da derrota na “Sedição de Pitangui”, antes de 1717, se refugiaram. Teriam deixado escondida nesta localidade uma imagem da Virgem Maria, prometendo, se fossem salvos, construírem, no local uma Capela em sua honra.

A origem da Imagem é misteriosa. Existem duas lendas populares sobre sua descoberta. Em uma lenda se conta que um escravo, depois de surrado  impiedosamente por se patrão, fugira. Dias depois retorna à fazenda dizendo que descobrira uma imagem da Virgem Maria. O patrão, muito desconfiado, pensando lhe fosse preparada uma armadilha, relutante por algum tempo, resolveu ir ao local indicado pelo escravo e achou a pequena imagem. Segundo a mesma tradição, o local da aparição ficada dentro do perímetro do peque cemitério aí existente.

Outra lenda, a exemplo da imagem de Aparecida, a peque imagem da Virgem Maria teria sido trazida do fundo do rio Pará, pela tarrafa de um pescador. E segundo os contistas, tanto da versão de uma como da outra lenda, o fazendeiro e os moradores do lugar entenderam construir uma Capela, a exemplo de Domingos Rodrigues do Parado e sua legião revoltosa.

A construção da Capela, historicamente, foi erigida a pedido do Capitão Joseph Rodrigues Betim, morador do Rio Pará, na época distrito de Vila de Nossa Senhora da Piedade, de Pitangui.

Por petição de seu filho, datada de 1717, o Pe. Felipe de Camargos, o desbravador dizia que há muitos anos residia naquele lugar, com mulher e filhos e que entre a sua moradia e a matriz havia o impedimento de dois rios caudalosos, o que impedia da assistência à missa. Por isso, suplicava que lhe fosse permitida a construção da capela na sua fazenda. A resposta episcopal foi dada em 19 de fevereiro de 1717 e, segundo os historiadores, a capela construída, grande parte de madeira, tinha a mesma configuração da atual reformada quase toda de alvenaria, com algumas modificações.

Eis cópia da petição do acima referido Pe. Felipe de Camargos, que em nome do se pai, Capitão Joseph Rodrigues Betim, encaminhou ao então Bispo do Rio de Janeiro, em 1717: “O Capitão Joseph Rodrigues Betim, morador do Rio Pará, deste distrito desta Vila de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui, que ele Suplicante se acha com anos e mulher e filhos a hai tanta família com o impedimento de dois rios de nado e caudalosos entre a sua casa e a matriz e pela desconsolação que experimenta com toda a sua família, ficando a maior parte do tempo sem ouvirem missa, pelas razões que alega quer ele Suplicante fazer na sua fazenda uma Capela. Com sem licença de Vossa ilustríssima a não pode conseguir, portanto: pede a Vossa Ilustríssima seja servido conceder a ele, Suplicante, licença para fazer a dita Capela, em que possa ouvir missa e sua família e enquanto a não acaba que qualquer sacerdote possa dizer-lhe missa e à sua família, Espera Real Mercê”.

“Dom Francisco de Sam Hieronimo, por Mercê de Deus e da Sé Apostólica, Bispo da Cidade do Rio de Janeiro e sua Diocese, do  Conselho de Sua Majestade que Deus Guarde – Aos que a presente provisão virem, saúde e paz per ac et semper: Concedemos ao suplicante, Capitão Joseph Rodrigues Betim, licença para fazer a capela  nas casas onde vive a sua família, donde lhe diga missa na forma costumada para espera; enquanto a não faz, damos licença por quatro meses para altar. Bispado do Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1719”.

A carta do Suplicante Capitão Joseph Rodrigues Betim e a resposta do Bispo do Rio de Janeiro, na época Bispo também de parte do Estado de Minas Gerais, foram transcritas por Gustavo Penna e publicadas no “Minas Gerais – 1924 – 23 e 24/6, pág. 3 Gustavo Penna foi reitor do Ginásio Mineiro, homem sempre muito preocupado com as artes e com a feião urbanística de Belo Horizonte, passando pela Capela da Conceição do Pará, em 1924, teve às mãos um livro muito antigo, manuscrito, dos primeiros tempos do Santuário, onde teve acesso aos documentos acima referidos.

Há informações de que o primeiro capelão da Capela foi o Pe. Felipe de La Contrie, ou Filipe Delecôtrici, que segundo Cônego Trindade, foi capelão da Entrada de Antônio Rodrigues Arzão e Vigário da Vara de Pitangui.

As terras circunvizinhas ao Santuário até 04 de fevereiro do ano de 1906, como consta do livro 3 A, às folhas 155, no Registro 3.557, pertencia a João Batista de Freitas e s/ mulher Maria Honória de Freitas, que transferiu à Capela de Nossa Senhora da Conceição do Pará. Assim vem expresso no referido documento cartorial: “… CERTIFICA MAIS que dos mesmos livros dele no de nº. 3 A, às fls. 155 no Registro 3.557 datado de 04 de fevereiro de 1906, consta que a CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO PARÁ adquiriu de João Batista de Freitas e s/m Maria Honória de Freitas, a fazenda denominada Conceição, composta de casa de morar, moinho, aguada e diversas casinhas, confrontando como Rio Pará, por detrás do  Cemitério, Marinho da Costa Lemos, Morro Agudo, fazenda do Miranda e outros conforme divisas da divisão efetuada em 1846 e conforme reza escritura que receberam de D. Lourença Maria (ilegível) de Miranda, em 1901; confirme escritura pública de compra e venda lavrada no livro de notas do 1. Tabelião da Comarca, em 20 de dezembro, pelo prelo de 6:000$000, sem nenhuma reserva…”

Antes da transferência da propriedade, o Sr. João Batista de Freitas selou e cuidou com carinho da Capela de Nossa Senhora da Conceição. Posteriormente à transferência, continuou com fiel benfeitor da mesma até seu falecimento. Na Sacristia do Santuário está exposto um retrato deste benfeitor, em que consta o mesmo como tal.

Em 19 de outubro de 1986, o então Bispo Diocesano vendeu o terreno que era circunvizinho do Santuário e com o capital apurado, construiu o Seminário São José em Belo Horizonte, onde hoje passam os estudantes de Teologia da Diocese de  Divinópolis em preparação para o ministério sacerdotal. Do imóvel em torno do Santuário restam cerca de 2 há, onde estão edificadas a casa paroquial e demais dependências que compõem a estrutura para atendimento aos romeiros e a praça circunvizinha.

A Capela é o Santuário Diocesano deste 05 de setembro de 1960, a pedido do então Bispo Diocesano de Divinópolis, Dom Cristiano Portela de Araújo Pena, o Papa João XXIII, declarou Nossa Senhora da Conceição, padroeira principal da Diocese de Divinópolis, pela Bula Virginis Immaculatae cultu, de 05 de setembro de 1960, segundo ano do Pontificado do Pontífice.

Nos anos de 2003 e 2004, o Santuário passou por significativas reformas para salvaguardar a estrutura do prédio que se encontrava comprometida e contou  com a  extraordinária benfeitoria de um dos bisnetos do Sr. João Batista de Freitas, o Sr. Édson de Freitas.

Sonho do atual Bispo Diocesano Dom José Belvino do Nascimento, era a  construção de um prédio maior para abrigar os romeiros nos dias da solene Festa de Nossa Senhora Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de cada ano e, no ano  de 2005, o mesmo bisneto do antigo benfeitor, fez construir um excepcional galpão, com moderníssima estrutura, chamado de Abrigo,,,, que pode abrigar cerca de quatro mil pessoas em uma celebração.

O Santuário é centro de peregrinação da Diocese de Divinópolis e, a cada 08 de dezembro realiza-se a festa da padroeira com grande fluxo de fiéis cristãos católicos. Durante todo o ano recebe inúmeros romeiros que vão prestar culto à Virgem Maria e agradecer graças recebidas por intercessão dela. Cada dia 08 do mês, a capela recebe a visita do Bispo Diocesano, que  nela celebra a Eucaristia e dá assistência aos numerosos fieis que ali ocorrem. Tem-se notícia de que Dom Silvério Gomes Pimenta empreendeu visita pastoral À capela em 19 de janeiro de 1893, na época Bispo Titular de Camaco e auxiliar de Mariana.

Como não é Paróquia, o cuidado pastoral do Santuário é exercido por um sacerdote devidamente indicado pelo Bispo Diocesano, que recebe o ofício canônico de Reitor. Exerceram esta função o Monsenhor Hilton Gonçalves de Souza, em seguida, Pe. Moacir Candido, depois, Pe. Heli Lourenço e até o fim do ano de 2002, o Pe. Sinfrônio de Freitas, que passou a celebrar no Santuário, todos os domingos, às 10:00 horas da manhã.

A partir dos primórdios de 2003, a função foi confiada ao Pe. Vicente Ferreira de Lima, que a exerce até o presente.
 

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