Histórico da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro – Marilândia
A Igreja (antes se chamava Capela) de Nossa Senhora do Desterro, uma das mais antigas de toda a região de Centro Oeste Mineiro, é hoje o calmo e pacato distrito de Marilândia, no município de Itapecerica.
Por que o Arraial do Desterro foi surgi num lugar eqüidistante dos rios, num altiplano pouco próprio à lavoura e à pastagem? Existem duas versões.
A primeira. Manuel Carvalho da Silva, o sesmeiro mais rico e poderoso da região (suas terras vinha de onde é o município de Claudio), português de bom trânsito nas repartições governamentais do Império, vivia isolado na sua Fazenda Boa Vista (ou do Tamanduá), pois não era casado nem tinha filhos. Considerava-se desterrado no seu tempo e no seu lugar e quando divisou o outeiro na distância do poente, decidiu construir nele a Capela de Nossa Senhora do Desterro, para ter nela a visão de um ponto concreto que neutralizasse as abstrações melancólicas e assim minorar os males e as saudades da terra natal perdia nas lonjuras do além-mar. Construiu a Igreja com a frente no alto do morro dando para a enorme varanda de sua fazenda, de onde podia contemplar, meditar e fazer suas orações. Para constituir o Patrimônio e obter a Provisão e Sagração, em Mariana (sede do Arcebispado), teve que levar testemunhas e atestado, passado na capela mais próxima (de Passa Tempo), provando que podia dispor de bens a favor da Capela, já que não tinha herdeiros. Assim fez e assim está documentado. A Capela, edificada no ápice do morro é visível num raio de dez léguas, distância que nos anos silenciosos dos séculos XVIII a XIX era atravessada pelos sons dos sinos de ouro e bronze.
A outra versão considera o Manuel apenas um testa de ferro dos contrabandistas do farto ouro daquela época, extraído das minas e grupiaras de São José, Tamanduá, Pitangui, Paraopeba e Paracatu. Os caminhos cortavam a região e a Igreja no alto (ainda hoje pode ser vista da Folha Larga, perto de Oliveira e de outras regiões igualmente altas, ainda mais distantes) tinha o sino de timbre altissonante, que podia ser ouvido no silêncio daqueles sertões a uma distância de muitas léguas. Serviam de sinal verde ou vermelho para o contrabando amoitar ou seguir com seus tropeiros nas idas e vindas co mo ouro escondido nos santos de paus ocos e nos vasilhames da tropa. Essa versão é um pouco ousada porque pressupõe a convivência das autoridades do lugar com o tráfico das preciosidades.
Prefiro aceitar a suposição menos ousada, a do entreposto sertanejo, favorecido pelo beneplácito do sesmeiro Manuel. A visão longíncua da Igreja servia para orientar os viajantes dos sertões.
A Capela foi edificada por Manoel de Carvalho da Silva, em sua fazenda, localizada no sertão do Tamanduá, freguesia da Vila de São Jose, pro provisão de 22 de abril de 1754. Dom Frei Manoel da Cruz, Bispo de Mariana foi quem concedeu licença para que fosse eregida a Capela com a invocação de Senhora do Desterro. A construção obedece à planta simples, constituída de nave, dois altares laterais e um central, coro com balaustrada, torre com dois sinos de bronze e dobres, sacristia em dos compartimentos e uma capela lateral consagrada à Nossa Senhora da Abadia. Tanto a torre como a capela lateral e a sacristia foram acrescentados ao corpo da edificação em 1775. A área construída (horizontal) de 400 m2, compõem-se de largas paredes em pedra, encimadas na altura do travamento por camadas de tijolos (provavelmente em uma de suas primeiras reformas).
A bênção da capela realizou-se em 25 de novembro de 1756, pelo Padre Manuel da Siqueira, morador no Arraial de Nossa Senhora do Desterro da Frequesia de São José, o que prova que o Arraial já existia e que certamente é mais antigo do que o próprio Tamanduá (hoje Itapecerica).
Recebeu concessão de Pia Batismal em 31 de março de 1778. Os altares são despojados de belíssimos, modestamente ornados de esculturas barrocas. As imagens são também de grane expressividade visual, de tocante contemplação. A criação do distrito do Desterro em 1847 e a criação da Paróquia em 16 de setembro de 1870, pela Lei Mineira de nº. 1667. Antes da elevação a Paróquia teve vários Capelões-Curas. Salvo algumas omissões involuntárias: Pe. Manuel de Siqueira (1754), Pe. Antônio da Silva Torres (1770), Pe. Antônio Estevão da Silva (1794), Pe. Francisco de Paula Arantes (1798), Pe. João Pimenta da Costa (1801), Pe. Luis da Silva Mezemcio 1805), Pe. Manoel da Silva Amorim (1819), Pe. Manuel da Silva Moreira (1821), Pe. Manuel Antônio Soares (1829), Pe. André Corvino da Silva (1838), Pe. Antônio Pereira da Paixão (1839), Pe. José Gonçalves de Oliveira (1844), Pe. José Bernardino Gama (1846) Pe. Felício Flávio dos Santos (1853) Pe. Francisco Guarita Pitangui ( 1857) Pe. Manoel Pires de Campos (1858), batizou o único sacerdote filho do lugar, Pe. Bernardo Pedro de Oliveira Barreto, que mais tarde foi pároco.
Teve os seguintes párocos:
Pe. Otaviano José Araújo (1876), è. Bernardo Pedro de Oliveira Barreto (1890), Pe. Antônio Benício Terra ( 1899), Pe. Galdino Diniz Ferreira (1902), Pe. Vicente Berardi (1903), Pe. Manoel Maria (1908), Pe. Antônio Carlos (1910), Pe. Francisco Goeser (1913), Pe. Adalberto Benício Terra (1914), Pe. Francisco Goulart (1916), Pe. José dos Santos Cerqueira (1918), Pe. Salvador Zogmo (1919), Pe. Alberto Ergas (1921), Pe., José Ferreira de Carvalho (1922), Pe. João Vitor Correia (1925), Pe. Ferreira Dias (1925), Frei Mário, Frei Zacarias Simões, Frei Osmundo, Frei Letânio Faches (1926), Frei Teodardo (1927), Frei Levino (1928), Frei Hilário Verhei (1929), Pe. Belchior Mendes Siqueira (1930), Pe. Petrichio (1930), Frei Floriano Groen (1931), Frei Brás Berton (1932), Frei Falviano (1932), Pe. Benjamim Marques Guimarães (1933), Pe. Frei Antonielo, Pe. Josimas Gonçalves Cerqueira, Pe. Hilton Gonçalves de Souza, Pe. Frei Wenceslau Nouwen, Pe. Frei Carlos Scheo, Pe. Frei Roberto, Pe. Frei Respíci Valkenholf, Pe. Frei Agostinho Grings, Pe. Frei Sebastião, Pe. Agostinho Ferreira Gomes, Pe. José Martinho da Costa, Pe. Altamiro de faria, Pe. Frei Quirino Groot, Pe. Luis Carlos Amorim (1984), Pe. Antônio Francisco Pedrosa, Pe. Olavo Cabral de Souza (1985), Pe. Agostinho Ferreira Gomes (1986), Pe. Miguel Rodrigues dos Anjos e Diácono José Darci dos Santos, Irmãs de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Maria (1988), Pe. José Darci José dos Santos (1988), Pe. Emanuel Cordeiro Costa (1990), Pe. Moacir Chagas Tavares (1994), Pe. Edilson Antônio Manoel (1995) e Diácono Moacir Silva Arantes (1999), Pe. Moacir Silva Arantes (1999), Pe. Vicente Ferreira de Lima (2000), Pe. Marinho Rocha e Pe. Antônio Ordones Lemos (2001), Pe. Edilson Antônio Manoel (2003), Pe. Geraldo José Maia (2004), Pe. Antônio Carlos de Castro (20070, Pe. Reny Nogueira dos Santos (2007), Pe. Euclydes Bebiano dos Santos (2007…)
A paróquia conta com as seguintes pastorais e movimentos:
Pastorais: Familiar (Realização do ECC, com cinco grupos de casais que já participaram do ECC), Grupo de Solidariedade (visita as famílias nos momentos tristes e alegres, famílias recém chagas na Comunidade, etc.). Preparação para Noivos. Pastoral Catequética (Preparação para o Batismo, crisma e primeira Eucaristia de crianças, jovens e adultos), Pastoral Litúrgica (leitores, coroinhas e dois corais), SAV (Serviço de Animação Vocacional) infantil, juvenil e adulto, Pastoral do dízimo, Pastoral da Juventude.
Movimentos: Apostolado da Oração, Legião de Maria, Conferência Vicentina.
No ano de 2006, a matriz foi oficialmente tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal da Prefeitura de Itapecerica um sonho antigo da Comunidade.
Na sede paroquial existem a Matriz, e uma capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida,havia uma capela em honra a Nossa Senhora do Rosário, demolida à dinamite. Estão organizada as Comunidades rurais: Bom Sucesso (São Sebastião), Córrego Areado (santa Rita) e Lavrinha (Nossa Senhora Aparecida).
São 138 anos de paróquia dessa parcela do povo de Deus presente em Marilândia (Terra de Maria).