Comentário ao Evangelho do 23º Domingo Comum (Mc 7,31-37) – 05/09/21
Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Jesus se dirigia a uma região considerada pagã naquele tempo. O percurso não foi o caminho mais curto entre Tiro e o mar da Galileia. Ao passar por Sidônia, Ele deu uma grande volta. O que está em questão não é a lógica geográfica, mas o sentido da realização de um milagre em território pagão. O anúncio se destina também aos considerados excluídos.
Embora a cura do homem surdo seja uma manifestação do amor divino, Jesus não queria ser reconhecido como um simples curandeiro ou realizador de prodígios. Até porque, naquele tempo, havia pessoas que realizavam curas por meios desconhecidos e surpreendentes.
Jesus pediu discrição ao homem curado. Mas a multidão proclamava abertamente o milagre, porque a esperança era por um messias que, conforme as escrituras, faria cegos enxergarem, surdos ouvirem, aleijados saltarem e mudos cantarem (Is 35,5-6).
Os gestos na realização da cura, ainda que pareçam estranhos, são típicos dos tratamentos populares daquela época. Jesus sempre conversava antes com a pessoa que ia curar, para que ela tivesse condições de se decidir pela fé. No caso de um surdo, o diálogo não poderia ser de outra forma a não ser por gestos.
A cura do surdo nos lembra que é preciso o auxílio divino para se superar os obstáculos que impedem de ouvir Sua voz. A partir disso, pode-se soltar a língua para proclamar que é Jesus o senhor da vida.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Itatiaiuçu.