Comentário ao Evangelho do Domingo de Pentecostes (Jo 20,19-23) – 23/05/21
19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
O trecho pode ser dividido em três partes: 1- Aparição de Jesus (v. 19); 2- Reconhecimento d’Ele pelos discípulos, que mudam de atitude (v. 20); 3- Uma missão é confiada aos discípulos (vv. 21 ao 23).
O ressuscitado é o mesmo crucificado, inclusive traz as marcas das chagas. Mas, com uma nova condição: sem limites físicos, capaz de entrar num local de portas fechadas. Os discípulos, antes amedrontados e escondidos, com a chegada do Mestre e a consciência de que Ele venceu a morte, sentiram paz e alegria. São sentimentos de quem acolhe a fé no Ressuscitado.
Concedendo o dom do Espírito, Jesus enviou os discípulos à missão, que é continuação da que foi iniciada por Ele. Como Jesus viveu a missão em nome d’Aquele que O enviou, os discípulos deverão cumprir a missão em nome d’Ele mesmo, que os envia. O sopro sobre os discípulos lembra o sopro de Deus sobre o primeiro homem em Gênesis. É uma nova criação, uma renovação, uma nova vida. O dom do Espírito Santo recria o homem, arrancando-o do poder pecado.
Se para o povo judeu o dia do Senhor era o sábado, lembrando o descanso do Criador no sétimo dia, com Jesus começa um tempo novo na fé. O primeiro dia da semana é sinal do recomeço, de uma nova era religiosa. Jesus apareceu enquanto os discípulos estavam reunidos. A fé no Ressuscitado é comunitária.
A Igreja vê no mandado de perdão dos pecados o fundamento do sacramento da Confissão. A ressurreição abriu oportunidade para reconciliação com Deus sacramentalmente, isto é, com a presença real de Quem concede o perdão.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira.